terça-feira, 9 de novembro de 2010

“Você chegou estufando o peito, coisa de mulher insegura, e ao invés de eu perceber seu decote (coisa que por sorte percebi mais tarde) fiquei apenas me perguntando como uma mulher como você poderia ser insegura.
Você não me engana, falando alto, pisando firme, sorrindo certa e tendo respostas para tudo. Você não me engana quando seus olhos se perdem ao longe e você deseja mais do que tudo ser outra e não sentir mais essa coisa vazia, que sempre vem, quando alguém vai.
Todas as vezes, me apaixono, pra sempre. E dessa vez, não foi pelo seu decote e nem pelas suas piadas confiantes e enturmadas. Me apaixonei exatamente pelo seu olhar de medo. Aquele que você lançou, quando ninguém percebia e tampouco esperava, para o chão, e estralou de leve o pescoço, e respirou fundo como se dissesse “Alguém me salva, alguém cuida de mim”. A gigante dor que você carrega, mesmo num corpo tão magro e numa alma tão divertida, é o que fez de você até hoje, a melhor mulher dos meus solos de guitarra. Mas temos um problema geográfico: você quer abraçar o mundo e eu ficaria contente em abraçar você.
Eu ainda lembro quando você era só bonita sem comprar essas roupas, esses cabelos e essas notícias que sustentam tudo isso. Você se melhora o tempo todo. Você com seu cheiro de menina boa e desinfetada e como consegue, quando quer, falar com qualquer pessoa, misturando espanhol, francês, americano e favelado. Mas na verdade, da maneira mais encantadora que já notei, descobri que você sofre, e não disfarça bem. E tenta, a todo momento, ser uma dessas mocinhas que não sentem o desespero apesar da situação, mas não consegue. Pára com isso Lila! Você nem imagina como fica linda quando não está no controle. Antes você era minha escritora predileta, agora virou a minha melhor atriz.”

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